O segundo assunto acha-se relacionado com o primeiro. A teoria dos 6.000 anos do mundo habitado é uma antiquíssima especulação que não se originou da Bíblia mas das antigas mitologias persa e etrusca. É, portanto, da pior origem pagã.
Zoroastro (ou Zaratustra) pregava os seis milênios, no fim dos quais surgiria Soksan (o Libertador) que exterminaria Bivarasp (agente de Ahriman) livrando de seu poder os justos. Então teria início o milênio de Sonksan (o sétimo), com a imortalidade e incorruptibilidade dos justos. Ver Antologia de Leyendas, de Garcia de Diego, Tomo II, página 1214. Consultar também Zoroastrian Theology, de M. N. Dhalla, Nova York, 1914.
E agora a lenda etrusca. "De um ciclo de 12.000 anos (exatamente em correspondência com os doze signos do Zodíaco), dos quais 6.000 transcorreram na formação do mundo, OS RESTANTES 6.000 ANOS são reservados à história do homem na terra". – Enciclopédia Italiana, ed. 1949, (Vol. XIV, p. 521, 1.ª coluna). Em outras palavras, a existência do homem na Terra limita-se a 6.000 anos. Com base nos signos do Zodíaco, valendo cada signo mil.
A teoria dos 6.000 anos, pois, teve origem há mais de 500 anos antes de Cristo. Mas não é só. Algumas interpretações rabínicas, sob influência pagã, como as anotadas por Breithaupt sobre Isaaki, admitem a duração do mundo habitado em 6.000 anos, e – muita atenção que isto é importantíssimo – foi baseado nessa suposição que o arcebispo Ussher elaborou sua discutida cronologia, modificada em 1879 por J. B. Dimgleby sendo que este, com base na falsa teoria dos 6.000 anos, marcou o fim do mundo para 5926 A.M., ou seja 1928 A.D. E deu com os burros nágua:..
Há, na Patrística, uma obra espúria e indigna de crédito pelos disparates que contém, a chamada Epístola de Barnabé (que alguns supõem datar do séc. III de nossa era. Diz esse pseudo Barnabé, no seu duvidoso livrucho capítulo XV, verso 4.
"Em seis dias os terminou. Isto significa que em 6.000 anos o Senhor consumará todas as coisas, porque para Ele um dia é como mil anos. Ele mesmo o atesta quando diz: Eis que o dia do Senhor será como mil anos. Portanto, filhos, em seis dias, isto é, em seis mil anos, todas as coisas serão consumadas".
Nessas águas turvas, lodosas, indignas de crédito, nasceu a teoria dos seis milênios, e é parvoíce forçar um abono escriturístico em seu favor. Interessante que mesmo os que acatam os ensinamentos dos Pais da Igreja vetam Barnabé. Lange afirma: "inferir de II S. Ped. 3:8, como o fez Barnabé, que o mundo durará seis mil anos... é sem nenhum fundamento". E adiante: "O sabatismo do Heb 4:9 tem outro sentido".
Nosso SDA Bible Commentary afirma:
"Esta teoria dos 6.000 anos não se baseia em nenhum período profético da Bíblia, que em parte alguma, apresenta este algarismo. Isto se originou na antiga Mitologia (persa e etrusca, por exemplo) e numa analogia judaica dos dias da Criação. Foi adotado por alguns pais da Igreja, como Agostinho. Os algarismos 6.000 são, sem dúvida, uma grosseira aproximação com o tempo da Criação, baseado na cronologia patriarcal hebraica para o presente século, mas a relação deste número com a teoria dos 6.000 anos é mera coincidência".
Matematicamente, biblicamente, e em fontes idôneas, porém, nada se prova a favor da teoria. Mera especulação, antiga que ressurge agora.
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